domingo, 11 de março de 2012


Lembro-me de aprender descartes na escola e de muito discutir a existência de deus. Existe porque temos a ideia da perfeição e essa ideia só pode vir de deus.
A minha avó nunca estudou filosofia e diz que ele existe porque temos que vir de algum lado e que somos a sua criação perfeita.
Descartes defende a autoridade da razão e ainda que argumentasse contra deus, desta ideia sempre gostei.
Tinha quinze ou dezasseis anos.
Depois aprendi outras coisas noutra escola. Ensinaram-me onde ficam a razão e a emoção dentro de nós. Ensinaram-me a vê-las funcionar, a saber o que pensa alguém quando olho para uma fotografia do cérebro e para mim perfeição era este equilíbrio entre razão e emoção.
Tinha dezanove ou vinte anos.
Agora tenho trinta e a vida ensinou-me como este equilíbrio de facto funciona e que estamos sempre a aprender.
A razão vem e argumenta, lista os prós e contras, pesa-os, avalia-os, diz-nos que não, que não é prudente, que não devemos, que não podemos, que sabemos claramente o resultado, que nos vamos magoar e arrastar outros no caminho, que não podemos querer tudo, querer tanto, que temos que ser coerentes com as nossas escolhas ou elas nada representam, que estamos felizes, que não somos assim, que somos crescidos e por isso não. Muitas vezes não.
O coração vem e diz mas eu quero!. E pronto.
Se deus existe e somos a sua criação perfeita, o seu sentido de humor é fodido.

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