A maioria das vezes sem darmos conta, acumulamos pela vida uma carga desnecessária. Aqui e ali vamos somando peso ás horas, aos dias e, quando damos por isso - e darmos por isso é já um excelente indicador de capacidade para interpretar o desconforto que nos assola - são já meses e mesmo anos a ter a vida pessoal em prol do trabalho (ou melhor ainda, não ter vida pessoal).
Por distração, incapacidade de fazer limpezas cíclicas ou até, estranhamente, por declarada opção, vamos colecionando pequenos nadas, ninharias dos desencontros do dia a dia, lixo relacional. Entre a carga desnecessária que vamos transportando, sobressaem uma boa parte das vezes as pedras que vamos levando no sapato e que, quando não desalojamos rapidamente, acabam por sorrateiramente se infiltrar por muitos lados, até se instalarem no coração. Silêncios mudos de palavras guardadas em momentos de dor e indignação. Pesos excessivamente desnecessários que somos muitas vezes incapazes, por medo, preguiça ou displicência, de aliviar na devida altura.
A distração é uma caracteristica engraçada - em alguns casos confere até algum charme adicional -, mas distraírmo-nos de cuidar dos nossos fardos, além de não ter piada, é, infalivelmente a médio ou longo prazo, um grave risco para a saúde.
Se a cada dia que te levantas te sentes cada vez mais pesado, alivia a tua carga. Olha para as tuas mãos. Corta as amarras, és tu quem tem a tesoura e tudo. Quando se libertarem do coração e voltarem ao solo, onde pertencem, pega nelas para fazer um novo caminho. A vida é tão breve quanto leve. O peso que tem só depende de ti.
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