Esta necessidade de distanciar-me o suficiente para ter uma visão clara e substancial das várias perspectivas fez com que aumentasse o prazer de criar histórias sobre as pessoas que vejo passar. A mãe apressada com um filhote ao colo e outro dentro de si, o homem das rastas que anda com o djembe atrás, o homem de negócios que anda a trair a esposa, a rapariga que fica horas à espera do namorado. O que há para não pensar? As pessoas interessam-me. As pessoas são interessantes. Eu gosto de pessoas. A normalidade é demasiado fraca para mim, gosto de imaginar histórias dramáticas em que o simples homem de negócios é na verdade um serial killer e vai matar o Cavaco Silva. A menina que espera o namorado permanece lá horas e horas e parte em busca do seu amor e, quando o descobre, corta-o aos bocados, mete-o dentro de uma mala e manda-o ao José Sócrates por correio. Gosto de coisas assim, até porque não fazem o mínimo sentido. Tenho tantas vezes vontade de dizer olá a um desconhecido só porque me parece interessante. Pode ser alto, baixo, gordo, magro, preto, vermelho, amarelo, ter sida, qualquer coisa. Mas há pessoas que conseguem ser interessantes só através de uma simples troca de olhares. Chega a ser frustrante a impotência de poder simplesmente acenar, para não fazer figura de parva. Faz-me pensar, e fico contente ao passar por essa mesma pessoa novamente, por mero acaso. E caio naquele poço de leve agonia por ter voltado a permanecer estática. Foi por essa razão que decidi pôr aqui este vídeo. Faz-me sentir ainda mais arrependida por todas as vezes em que deixei passar a oportunidade de conhecer pessoas pouco banais, pessoas capazes de me dizer alguma coisa. No entanto, teimosa como sou, continuarei assim até ao fim dos meus dias....
A Thousand Words from Ted Chung on Vimeo.
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