sexta-feira, 10 de setembro de 2010


Nas noites difíceis e quando estamos sós, damos por falta de pequenas coisas que quando as temos, por vezes não lhes damos o devido valor e prazer. Sinto falta de conversar com alguém sobre as minhas dificuldades do dia a dia desde que me foi diagnosticado "este problema" . As noites sós nesta casa que embora pequena, me parece um palácio no que toca ao silêncio..

Também tenho saudades ... de alguém que me queria adormecer...

O toque que não toca, nem estremece… Só eu sei!
Adormecer, apenas a sensação de adormecer alguém, diferente de adormecer com alguém. Adormecer com alguém pode ser simplesmente partilhar a mesma cama, cair redondo e cansado, abraçados no sono. Adormecer alguém é diferente, não é uma situação, nem um jeito que se faz, nem um gesto de simples carinho. Adormecer alguém, no seu sentido puro, é acima de tudo um gesto de prazer e de entrega, e de esforço, porque se luta contra o próprio sono enquanto se trata, de uma forma altruísta, de quem temos nos braços. O corpo tem de estar próximo o suficiente para se sentir, mas longe o possível para que haja conforto e espaço, O essencial são as mãos, e o ritmo... lento e ternurento. As mãos afagam, apertam, tocam, ou simplesmente pousam por momentos, sobre a pele. Penteiam vagarosamente os cabelos como se fossem brisa, apertam a nuca com uma força mínima, escorregam pelo pescoço, massajam os ombros, percorrem as costas durante longos minutos até chegar à cova do fim da coluna onde a palma da mão repousa, rodopiando, lentamente, em círculos disformes. Quando se adormece alguém ouve-se os gemidos, baixos, embrenhados em preguiça e sono. Sons já inconscientes de quem se entrega à noite embalado por um sossego imenso. … Tenho saudades de dormir nos braços de alguém... de alguém que me queira adormecer…



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