sábado, 6 de novembro de 2010

a despropósito

O ser humano é realmente incrível. Digo incrível porque me surpreende todos os dias, como se alguns gestos ou algumas histórias fossem novos ou inventados e escritos sob o joelho, mas não. Infelizmente, mesmo não havendo nada de novo o que acontece deixa-me boquiaberta, desiludida ou agradavelmente surpreendida. Parece que os moldes estão esgotados, existem alguns milhares mas repetem-se, porque não há tempo, embora haja necessidade, de inventar pessoas diferentes, com outras coisas que estas já têm. Com gestos que admiram por ser totalmente novos. Tudo na vida já foi inventado e reinventar é apenas o eufemismo para copiar muitas vezes. Compreendo que mesmo os gestos copiados são novos, na perspectiva de que quem faz pode ser diferente da última pessoa que o fez e isso altera tudo, a cor, a forma, o cheiro. Mas a mesma cor de outro alguém, a forma de outra coisa e um cheiro que todos já sentimos ao passear descomprometidamente na rua. É um ciclo. um dia após o outro, uma pessoa que sucede a outra, a morte e o nascimento, o amor e os desgostos, a amizade e a solidão, a luz e a total penumbra, os risos e as lágrimas. E todas as histórias feitas por elas, pelas personagens disformes, ou sem forma sequer, da vida repetem-se. As histórias que ouvimos são sempre as mesmas, os sítios são sempre iguais e os caminhos semelhantes.

Diria que a única coisa que faz da vida algo realmente impressionante são os sentimentos, as emoções. a humanidade de cada um. Aquilo que vemos nos outros só porque cá dentro os achamos especiais, mesmo que sejam iguais a todos os outros feitos do mesmo molde. Só porque nascemos com o mesmo sangue e temos laços familiares, só porque somos vizinhos, andamos juntos na escola ou um dia nos apaixonamos.. só isso.
Mas a vida prega-nos algumas partidas e começamos, (in)felizmente a ver as coisas com outros olhos..

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