As fotografias trazem-me recordações e despertam-me a memória. Fazem-me sentir triste de uma maneira estranha, e desbloqueiam a pior parte de mim. Abrem um valente caminho aqui dentro, oco e vazio, fazem-me verter lágrimas e deixam os meus olhos brilhantes e plenos, tais como as fotografias que vejo e recordo, as de criança. Despertam a saudade em mim, e sinto empurrões fortes que escorregam aos poucos pelas linhas curvas do meu rosto. Ficam assim as marcas à vista de todos, as marcas e o pequeno poder que fotografias antigas têm sobre mim. A sensibilidade da qual muitas vezes me esqueço reaparece nestes minúsculos momentos que apesar de raros não me deixam esquecer nada de nada. Não posso nem consigo no entanto recorrer a nada quando nada há a minha volta, e não sei sequer o como resistir a esta tendência de recordar velhos minutos. Não posso evitar velhos e antigos mundos, e não posso esquecer limitando-me a pôr as coisas de parte. Vou sempre recordar-me da maneira que era, das piores e em maioria das melhores partes. Dos meus dois mundos, das almas vendidas e dos espíritos que por mais ausentes e longe que se encontrem vivem em meu torno, a tempo e horas.
Mas as fotografias, essas abrem em mim uma naturalidade constante. Despem-me em completo tronco nu. Abrem-me os olhos das poucas vezes que o consigo fazer sozinha e deixam-me só no meio de cartas e folhas de papel. No meio de recordações e memórias célebres. Há cerca de 10 ou então 7 anos atrás. Param-me no tempo e retiram tudo o que tenho dentro de mim. Fazem-me sentir vazia, triste e com saudades. Aí sou invadida por esse sentimento tão forte que tanto me assombra e que tanto esqueço para próprio bem dos que se movem em meu redor. Aí lembro-me eu das primeiras palavras, primeiros erros e palavrões. Das fugidas, da lama e do sol quente que a secava no meu rosto. Do cheiro a cereja, do sabor a verão e da casa dos meus queridos avós. Já não sou eu, são só recordações, do que fui e do que antes tinha sonhado para mim. De tudo o que tanto quis, com amor.
Sem comentários:
Enviar um comentário