sábado, 30 de abril de 2011

Festa de uma maltinha, no ínicio as pessoas querem falar comigo e nem sempre me apetece. Porque me deparo que não sou bem-vinda ao reparar no "olhar de lado" de alguns elementos, fazendo me sentir como uma outsider. Será porque estive fora um tempo já não tenho o mesmo carinho e atenção que tinha antes? Porque é que hei-de ir então? A resposta é simples: porque há um ou outro indivíduo que merecem a pena.
As conversas trocam-se, uma pessoa ao fundo da sala suga-me a alma com o olhar enquanto mais duas me enchem de futilidades. O tamanho do sapato, o preço da renda, o casamento real, o batom vermelho que sujou a camisa da H&M, a chuva de granizo em Lisboa, a nova relação da vizinha divorciada, e a má ou boa vida sexual. A certa altura, acho que já não oiço ninguém. A minha cabeça abana automaticamente dizendo que sim e o meu braço repousa na mesa segurando um chandy. A minha boca prefere beber do que motivar mais conversas dessas.
Os tipos do costume elogiam (uns conhecidos outros desconhecidos), o corpo sempre igual, ou a curiosidade do que ando a fazer, sei lá. Aposto mais na primeira. Sabem que nunca acontece nada, mas insistem em pendurar-se ao meu lado com aquele ar de conquistador, conversa que não me convencia nem que eu estivesse a 7 metros abaixo da terra a suplicar por oxigénio.
Digo que vou à casa de banho sem ter sequer vontade de urinar. Pouso o copo quase só com gelo em cima do lavatório, abro a mala e retoco a maquilhagem sem saber bem para quê. Para estar bonita? Para agradar alguém? Para ocupar mais uns minutos sem a(o)s aturar? Porque sim? Lavo as mãos e volto a sair.
Todos dançam à minha volta com uma necessidade extrema de serem vistos, elogiados.
Amanhã todos vão ter fotografias no facebook e vão dizer exageradamente que foi a melhor noite das suas vidas, que são tão felizes, que tudo é perfeito e estão cheios de amigos.
Fico contente quando mesmo no meio da futilidade encontro um amigo e me diz: “Fi, há tanto tempo! Está tudo bem contigo?” respondo sempre que sim. Tudo óptimo. A minha vida tem pouco interesse, pelo menos eu quero que tenha na vida dos outros. Dou-lhe dois beijos e talvez um abraço, sorrio e continuo a minha vida. Entretanto mais alguém me reconhece e vem falar comigo, paga um copo, faz perguntas, o normal. Pedem-me favores, número de telefone, perguntam-me se tenho um cigarro, se quero ir a tal lado a seguir, entre Violent Femmes e AC/DC, entre cerveja e um sorriso.
Mais umas horas passam, o meu corpo permanece iluminado pelas cores das luzes que se destacam no meio da escuridão daquele bar. Bem, de qualquer forma penso para mim o quanto é triste alguém ter de se anular para pertencer a alguma coisa a que chamam de grupo. Acabou a conversa.Sei lá se sou interessante assim, se calhar ninguém me acha piada nenhuma, se calhar destaco-me, se calhar não, mas não consigo anular o que sou.
Não quero sair, prefiro ficar a ouvir uma musica calma, ver filmes e comer brownies. Amanhã apetece-me dormir, depois apetece-me curtir. Apetece-me sobretudo nessas noites que alguém, um desconhecido(a) talvez, me agarre no pulso e diga: "vamos embora daqui! O sol vai nascer e tu nem sequer o vais ver! Vamos fazer qualquer coisa de diferente!"
Adorava que alguém me dissesse isso, enquanto as restantes pessoas que me rodeiam fingem que se encontram. Fingem que é tudo deles e que os outros são indiferentes. Odeio aquelas pessoas que se acham possuidoras daquilo que não têm (exclusividade).

Não levem tão a sério este texto. Não gosto de generalizar quem me rodeia. Foi apenas um parvoíce escrita às 5h da manhã.

6 comentários:

  1. Achei este texto de mais! ;)
    Vais mesmo ter que pensar em escrever um livro um dia destes, porque a tua escrita é simplesmente sublime.

    Beijos com saudades!!

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  2. "o quanto é triste alguém ter de se anular para pertencer a alguma coisa a que chamam de grupo."
    ...
    " enquanto as restantes pessoas que me rodeiam fingem que se encontram. Fingem que é tudo deles e que os outros são indiferentes. Odeio aquelas pessoas que se acham possuidoras daquilo que não têm (exclusividade)..."
    ...
    Deixa-me ajudar-te. Fizeste um frete :-)

    Zud

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  3. Como tal... Be who you are and what you feel because those who mind don't matter and those who matter don't mind. :-)

    Zud

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  4. aahahah....não por ti Zud, adorei "conhecer" o verdadeiro Zud!
    Mas isso foi o mais importante da festa!
    Agora quando se ouve a palavra "grupo!"e quando se vê pessoas que pertencem de facto "ao grupo" ... que não "reagem bem" ao ver a aproximação de "outras pessoas", é o que me entristeceu!
    Considero que ninguém é de ninguém e que não deveriam de haver "pessoas que se achem possuidoras daquilo que não têm (exclusividade)".
    Não preciso de ajuda, alias tudo é um processo apenas preciso de saber lidar com isso.. :)
    Nada contra ti, alias a favor :)

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  5. I know :-) Não era por mim páaaa :-)

    Kisses
    Zud

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  6. "vamos embora daqui! O sol vai nascer e tu nem sequer o vais ver! Vamos fazer qualquer coisa de diferente!"

    Da próxima vez que te vir, nem te pergunto como estás :)
    É engraçado como me revejo em grande parte dos teus posts. Beijinho e sorri

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