A Scarlett Johansson é uma presença recorrente em muitos blogues da malta. Tal como fazemos com acontecimentos importantes da nossa vida, também é vulgar a malta perguntar: "Então, pá, e tu onde estavas quando viste a Scarlett pela primeira vez?" Não sou gajo mas lembro-me perfeitamente, estava sentada e muito sossegadinha à espera de ver o belíssimo Lost in Translation, de Sofia Copolla, quando logo na abertura do filme me foi mostrado um grande plano de um rabo enfiado numas púdicas e antiquadas cuecas de gola alta. Não era apenas um belo rabo, era um rabo preguiçoso, indulgente, sonhador, um rabo, digamos, expressivo.
Se ela virou símbolo sexual a culpa foi portanto da Sofia, da genial Sofia, que deu ao rabo da Scarlett personalidade ainda antes de lhe dar um rosto :)
E assim houve quem tivesse ficado impressionado(a) com as qualidades dramáticas daquele rabo que, ao longo do filme, de todos os filmes que se seguiram, procurámos o rabo da Scarlett como se fosse um monólogo do Al Pacino. Da menina nunca se esperou menos do que uma representação digna de um Óscar. Desta menina perdoa-se tudo. Tudo? Tudo – excepto gravar um álbum com dez canções de Tom Waits e perturbar o catálogo do mestre da rouquidão poética e da copofonia filosófica com a voz mais vulgar e sonolenta de que tenho memória de ouvir, sobretudo se pensar que aquela voz que me aborrece até à exaustão é soprada pela mesma boca que leva os homens "até à exaustão". Para quem quiser ouvir a desgraça, oiça aqui!
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