Se houve coisa que marcou a minha infância foi o Sabichão, esse jogo didáctico que ora me maravilhava, ora me irritava solenemente. Maravilhava-me porque eu não percebia como raio é que um boneco de plástico com uma vara de arame acertava naquelas perguntas todas. E irritava-me porque o parvo do boneco tinha a mania que sabia tudo. É normal que uma criança não saiba o diâmetro da Lua, e lá vinha o parvalhão todo empertigado apontar que o diâmetro da Lua
é de não-sei-quantos-mil-quilómetros. Mas também o estúpido só me maravilhou até ao dia em que eu lhe descobri o truque, afinal ele não sabia coisa nenhuma e funcionava com um íman que tinha por baixo - importa lá que eu tenha perdido umas boas horas da minha vida que não vou recuperar a descobrir isto. E quando descobri que as perguntas e as respostas esta
vam sempre organizadas da mesma maneira, passei eu a dar as respostas certas sem precisar dele para nada. E ainda lhe entortei a vara, só para depois poder ter o gozo de lhe fazer perguntas e vê-lo a dar as respostas erradas e dizer "Hahahaha és mesmo burro!". Humpf. Mas foram bons tempos.
Lembram-se de quando as chicletes estavam na moda? E tinham esta embalagem? E depois havia as azuis, as verdes, as amarelas, as cor-de-rosa e estas todas coloridas? E punhamos umas cinco ao mesmo tempo na boca para fazer uma pastilha de tamanho decente e passados 10 minutos já estava rija e sem sabor? Volta, passado, volta...
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