Sigo em ritmo acelerado, demasiado ocupada para me aperceber da sua proximidade. Só quando já está a uma distância obscena é que grito: "Mas quem és tu para te colares ao meu rabo desta forma?!". "É um homem, só podia". Suspiro fundo, apresso-me e sinto o meu mau feitio a falar mais alto. Nunca percebi esta mania masculina de se aproximarem demais. Será pelo gosto do perigo? Ou querem apenas demonstrar a virilidade, correndo o risco de verem o meu dedo do meio espetar-se no ar sem qualquer pudor? Ele continua atrás de mim e eu volto a andar mais devagar, desta vez em tom provocatório: O gozo agora é meu. "Se me queres tocar no rabo, quem sofre as consequências és tu", penso. Na realidade, até me dava jeito essa ousadia. Ele, como sabe que não pode cumprir a ameaça sem se meter em maus lençóis, abranda também. Rendido. Com ar de quem sabe que está agora a ser gozado pelo meu sorrisinho malicioso, enquanto canto descontraidamente o que está a passar no rádio. Finalmente ele faz aquilo que já devia ter feito: Ultrapassa-me pela faixa de esquerda, que esteve sempre vazia durante este idiota, mas habitual, duelo. "Os homens são tão básicos na estrada"... não consigo evitar este pensamento.
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