Tenho 30 anos e não sei nada sobre o amor. Gostava de poder dizer “quem me dera ter 20 anos e saber o que sei hoje”, mas seria pretensão. Porque não sei nada. Durante muito tempo achei que amor era viver com o coração nas mãos, no pescoço, no estômago, pronto a explodir e a projectar-se em mil pedaços. Gostar, gostar a sério, aquele gostar de paixão, só podia ser isso. Viver em ânsia o tempo todo, correr atrás, pedir, implorar, pedir de novo, pôr-me em bicos de pés e anunciar a minha presença. Fazer uma gestão de danos a todo o momento, tentar não incomodar, não estar a mais, dar, dar, dar e receber quase nada em troca. Achar que esse pouco era mais do que suficiente, que mais vale pouco do que nada. E foi isso. Achei sempre que pouco era melhor do que nada. A triste realidade é essa. Já não me lembro de quantas vezes me senti remediada, assim-assim, vai-se andando. De quantas vezes parti a alma e de quantas a voltei a colar. De quantas vezes me apaixonei e de quantas jurei para nunca mais. Que as coisas do amor não eram para mim e mais valia estar quieta. Uma treta. Nunca conseguir estar quieta. E via os acidentes emocionais a darem-se e não podia fazer nada para os evitar. Nem sequer fechava os olhos para não ver. Meti-me em muitas relações sem cinto de segurança, e depois achava estranho fazer mais uma fractura no espírito. As cicatrizes que para aqui vão. A verdade é que sempre fui uma crente, uma utópica, uma arrebatada. Uma totó, a palavra não é outra. Afinal, amor podia ser outra coisa que não uma sofreguidão desatada, uma correria sem meta à vista. Afinal, comecei a perceber, amor era 50/50. E dias mais calmos. E tardes no sofá. E filmes, e séries, e amigos à mesa. E conversas, e planos, e os nomes dos filhos que se quer ter. E uma conta corrente, este mês pago eu a empregada e tu a conta da luz. E dizer que um cão num apartamento nem pensar. E voltar atrás e dizer que sim, haja espaço e boa vontade. E pegar num mapa e ver quanto mundo nos falta ver. E decidir quem desce a pé os dezasseis andares para deixar o lixo, quem se arrasta para tratar da louça, quem encaminha a roupa para os armários, quem atira com a carne para o forno (ontem fui eu, hoje és tu). Gosto deste amor. Gosto muito deste amor que me dá beijos quando chego a casa, que não vive imerso em dúvidas existenciais e pós-modernas, que há já algum tempo que sabe o que quer. E que me quer a mim. Disse-o no altar, à frente de todos. Estava lá e ouvi. Retiro o que disse. Tenho 30 anos e sei quanto baste sobre o amor. Quem me dera ter 20 e saber o que sei hoje.
domingo, 27 de novembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
Alinhamento Menina Rapaz - Para Cozinhar
Luísa Barbosa
Michael Bublé - Sway
Maria Gadú - A História de Lily Braun
Carmo Loureiro
The National - England
Nina Simone - I Want a Little Sugar In My Bowl
Samuel Cruz
Jamie Cullum - All At Sea
Cat Power - The Greatest
Ståle Langørgen
Simon & Garfunkel - The Sound of Silence
Smith Westerns - Weekend
Joana Cabral
Feist - Mushaboom
Norah Jones - Chasing Pirates
O amor é suficiente?
Se as dificuldades diminuem quando partilhadas. Se os receios se transformam num mote comum para unir esforços e ultrapassá-los. Se num momento de silêncio em que se escuta o outro se ajudam a reparar os estragos de um mau dia. Se na intensidade de um abraço se concentra a paz de uma vida. Se o beijo que nos acorda e a primeira palavra que se escuta nos fazem ter a certeza de que, o que quer que aconteça, vai valer pena regressar ao fim do dia. Se a outra pessoa da nossa vida significa tudo isto, o Amor é, será sempre, suficiente. Suficiente para ter todas as certezas do mundo mesmo que a pior das dúvidas e o mais tenebroso medo nos assalte. Porque amar e ser amado só nos pode trazer proteção, segurança, paz. E se o que une duas pessoas não trouxer nada disto, é simples. Pode ser muita coisa, mas não é Amor.
Sinto a claridade a entrar pela casa. Um focinho que se mexe, procura a minha cara. Bom dia. O telefone desperta depois de mim. Random play. BRMC. Afinal, whatever happened to my rock and roll? Reunião. Tenho a reunião num sábado. Não pode haver atrasos. Saia. A tshirt tem um coração, i love ny. Saltos. Nunca são demasiado altos. Está frio lá fora. Está sol. Cachecol, luvas, meias pretas, tapam o frio. Gosto de dias assim. As pessoas passam nos carros. Enquanto me dirijo ao alto da cidade, penso, e se o meu dia hoje começasse na baixa? Se pudesse dar um sorriso, olá, bom dia, real a quem dou virtual? Levava um vestido. Beberia um chá, english breakfast por favor, podia dizer já viste esta luz?, ou então ficava sorridente e envergonhada, sempre envergonhada. Provavelmente falaríamos de música. Dos bichos. Das letras. Gosto do que escreves. Gosto de te ler. E a cidade passava por nós. Como num filme. Ou numa série. Provavelmente. Paro o carro. A reunião foi adiada. O dia está lindo. Ligo o computador, espreito o mundo virtual. E ainda que esteja do lado de cá, ainda que pudesse corar, ainda que seja só para a fotografia, sorrio e digo olá. Bom dia.
domingo, 20 de novembro de 2011
“People think a soul mate is your perfect fit, and that's what everyone wants. But a true soul mate is a mirror, the person who shows you everything that is holding you back, the person who brings you to your own attention so you can change your life.
A true soul mate is probably the most important person you'll ever meet, because they tear down your walls and smack you awake. But to live with a soul mate forever? Nah. Too painful. Soul mates, they come into your life just to reveal another layer of yourself to you, and then leave. A soul mates purpose is to shake you up, tear apart your ego a little bit, show you your obstacles and addictions, break your heart open so new light can get in, make you so desperate and out of control that you have to transform your life, then introduce you to your spiritual master...”
Elizabeth Gilbert, in Eat, Pray and Love
sábado, 19 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
A revista SÁBADO fez um teste básico a 100 alunos de universidades de Lisboa. Há respostas que de tão incríveis que são deviam ser qualificadas como comédia portuguesa e não como algo para ser levado a sério.
Exemplos: O símbolo químico da água é PhO; O autor d' Os Maias é Egas Moniz; Capital dos EUA? Inglaterra.; Marlon Brando? Escritor.
Não me causou surpresa nenhuma. Era fácil de perceber. Principalmente quando depois nos chegam para estagiar a saber tanto quanto quando andavam no segundo ano de Licenciatura. Se estes jovens são a suposta elite de amanhã, acaba por ser quase escusada a contenção financeira que tenta resgatar o País do colapso, porque em colapso já ele está. Pelo menos cultural.
Para verem o vídeo completo e sentirem uma azia inexplicável, aqui:
" Vox Pop: A ignorância dos nossos Universitários - revista Sábado "
http://www.sabado.pt/Multimedia/Videos/Vox-Pop/VoxPop--A-ignorancia-dos-nossos-universitarios.aspx
domingo, 13 de novembro de 2011
sábado, 12 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
domingo, 6 de novembro de 2011
If you miss me, you can’t text, you can’t email, you can’t post it on my facebook wall. If you really miss me, you come and see me.
Quando ouvi esta deixa no cinema senti um murro no estômago. Às vezes é assim, a verdade chega-nos em tom de brincadeira, no meio de uma gargalhada na sala de cinema, numa forma simples.
Nessa noite pensei nas mais variadas formas que utilizo diariamente para exprimir o que sinto em relação aos outros, na quantidade de informação que está guardada por este espaço fora. São tantas as sms, os email, as mensagens e comentários nas redes sociais, que corremos muitas vezes o risco de termos contacto sem tacto. Aposto que foi a partir de um cérebro masculino que surgiram estas formas de contacto sem tacto, sem expressividade, sem emotividade… É mais do que sabido que os homens utilizam metade das palavras que as mulheres, são mais directos, eliminam muitas vezes os cumprimentos iniciais, não se despedem devidamente, etc… a maioria deles não é dada ao mimo, ao beijinho, ao abraço… muito menos em público. Além disso, hoje em dia é sempre muito mais fácil desatar a fazer “like” em tudo o que se vê publicado no mural de outra pessoa do que em enviar-lhe flores, ou ligar para a ouvir a sua voz e desejar um bom dia, ou dizer-lhe na cara: “Gosto de ti”, ou dar um abraço e ouvir com o coração o batimento cardíaco da outra pessoa. Hoje é tudo mais virtual.
Mas a realidade é que para comunicamos verdadeiramente temos que usar todo o nosso ser, há momentos em que devemos usar tudo. Quando alguém precisa de nós, nos pede ajuda, quando alguém tem a melhor das novidades para partilhar, quando sente saudades, sente de um todo. Não há sms, emails, ou música no mural que possa substituir um toque, um gesto de afecto, a amizade ou o amor. Para nos darmos, para nos fazermos sentir, é urgente tornarmo-nos presentes, irmos ao encontro da outra pessoa, despirmo-nos de máscaras, largar a armadura, exibir as cicatrizes… permitirmo-nos estar/ser vulneráveis… é expormo-nos a alguém de uma forma verdadeira… é dizer: “Esta sou eu, tenho estes defeitos, mas trago no peito a esperança que possas abraçar tudo o que eu sou, mas, mais importante, tudo o que ainda não sou.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
.. Entre Nada e Coisa Nenhuma ..
Fugir não é solução, sempre me disseram.
Mas é prática comum. Fugimos para longe, fugimos dos outros, mas tantas vezes fugimos de nós. Conheço pessoas que fogem, fogem, e provavelmente nunca se aperceberam de que não saem do mesmo lugar. Precisamente por me sentir a correr em voltas viciadas, sem alcançar nada de bom, decidi deixar de fugir.
E no dia em que decidi deixar de fugir, ganhei coragem e assumi que estava a viver entre Nada e Coisa Nenhuma. Sem me importar com as mãos (aparentemente) vazias e um coração que bate sozinho.
E foi então que vi à minha volta um céu azul imenso. E pássaros a voar ao pôr do sol. E senti o vento, e o sol, e a calma da terra. E que o tempo me segredou como hei-de aprender a aceitar-lhe o ritmo.
Foi nesse dia que percebi o que há para aqueles que assumem que vivem entre Nada e Coisa Nenhuma. Ao contrário do que eu acreditei durante tanto tempo, entre Nada e Coisa Nenhuma não é lugar de Desespero. Não; esse é o lugar para onde vão os que fogem.
Para grande espanto meu, olhei em volta e percebi que Entre Nada e Coisa Nenhuma é o lugar de começar de novo.
E por isso, Entre Nada e Coisa Nenhuma há Tudo :)
A trabalhar. A terminar. A pensar. A ponderar. A escrever. A desenhar. A rir. A imaginar [a cara de tacho de]. A antever. A planear. A Moleskinar. A projectar [-me, ali]. A decidir. A suspirar. A inspirar. A beber [chá]. A ouvir [esta senhora]. A contemplar [my sweet baby, sleeping like an angel]. A somar. A subtrair. A multiplicar. A dividir. A gerir. A trabalhar. A acreditar [fazendo].
[daqui a pouco] A dormir.
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